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Memória de desumanização

14-03-2016

O ano de 2015 recordou os setenta anos decorridos do fim do holocausto. A Shoá, ou Shoah, para o povo hebreu, é um conceito que encerra em si a representação d’ a catástrofe a que foram sujeitos diferentes grupos de judeus, conforme a diversidade de comunidades espalhadas, sobretudo, pela Europa central e do leste.

Este é, sem dúvida alguma, um dos períodos da História em que pouco sentido faz aplicar o substantivo Humanidade, mas antes o adjetivo desumanidade, que ajudará muito mais a aflorar as histórias individuais de milhões de seres humanos – homens, mulheres e crianças – cujas vidas serviram para a afirmação de um ódio concreto, pensado e perpetrado com vista à eliminação sistemática e em massa do povo judeu, uma purga necessária para um império que se queria presente por mil anos – o III Reich idealizado pelo partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães – Nazi, como se convencionou chamar.

O Colégio Português de Luanda associou-se a esta evocação através da presença do seu docente de História, no seminário promovido pelo Centro de Estudos do Holocausto – Yad Vashem, em Israel, entre 27 de julho e 5 de agosto.

A filosofia implícita nas sessões de trabalho, que contou com a presença de vários especialistas mundiais, ao contrário de propor uma exploração de imagens e textos acerca do genocídio perpetrado pelos Nazis, assenta numa apresentação desta realidade em diferentes fases: a Personificação da Vítima, através de relatos escritos pela mesma; o eixo cronológico Antes, Durante e Depois do Holocausto; os Atores, o triângulo Vítima-Perpetrador-Espetador; A perspetiva judia.

Também nessa perspetiva, os alunos do 9º ano do Colégio Português de Luanda desenvolvem um projeto, desde o início do ano letivo, que resultará numa exposição no 3º período, aberta à nossa comunidade educativa, onde os valores de humanidade pretendem fazer a ligação entre passado e presente, entre a xenofobia e o racismo que se observam nos nossos dias e a importância do respeito do ser humano, da sua cultura e identidade.

 

Mário Carneiro, docente de História